Lula recebe Skaf no Palácio do Planalto

O Presidente Luis Inácio Lula da Silva recebeu na quinta-feira (17), em audiência privada, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf. “Foi uma visita de cortesia”, afirmou Skaf, ao deixar o gabinete de Lula para participar de reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).

Skaf, em Brasília: “Precisamos fazer com o que o PAC realmente caminhe”

Nesse dia, Lula empossou o novo conselho do CDES, que atuará ao longo do seu segundo mandato. Skaf foi reconduzido como conselheiro. “Aproveitei o encontro para agradecer pessoalmente ao Presidente o convite de integrar mais uma vez o Conselho”, disse o presidente da Fiesp.

Câmbio
Ao sair do encontro com Lula, Skaf foi questionado por jornalistas sobre o impacto da valorização do real no setor produtivo. “A valorização do real rouba competitividade de alguns setores produtivos”, respondeu. O presidente da entidade argumentou que alguns segmentos da economia conseguiram compensar a valorização do real porque se beneficiaram de aumento de preços no exterior. “Mas outros não vivem a mesma situação”, disse ele. “É preciso encontrar uma solução criativa para esses setores”, defendeu Skaf, ao explicar que se referia, sobretudo, a indústrias intensivas em mão de obra.

Flexibilidade cambial
Skaf ressaltou a importância de flexibilizar a legislação cambial para evitar a contínua queda do valor do dólar. Defendeu que o governo facilite as remessas legais de divisas para o exterior e amplie o percentual de dólares que os exportadores podem manter fora do País. Atualmente, é permitido manter numa conta em dólares apenas 30% do valor de uma venda
externa.

O presidente da Fiesp também defendeu uma queda mais acelerada dos juros como forma de desestimular a entrada de dólares. “Essas medidas atenuariam a queda da moeda norte-americana”, afirmou.

Ameaça chinesa
Segundo ele, o câmbio não tira competitividade apenas das exportações. “Também impacta na concorrência interna”, argumentou, ao enfatizar que a principal ameaça para a indústria brasileira é a China. Skaf disse que a balança comercial de manufaturados entre o Brasil e a China apresenta um rombo de US$ 7 bilhões. “A China compra matérias-primas
do Brasil, mas vende manufaturados”, lamentou.

Reformas estruturais
Mas o estímulo para ampliar a produção não passa apenas pelo problema do câmbio, enfatizou Skaf. “Paralelo ao câmbio é preciso realizar uma série de reformas, como a tributária, a trabalhista, a política e a previdenciária”, disse ele. “Precisamos também desburocratizar e fazer com o que o PAC realmente caminhe”, acrescentou.

André Soliani, de Brasília, para Agência Indusnet Fiesp
Foto: José Paulo Lacerda/CNI