Balanço de 2016 e perspectivas para 2017


Na contramão do cenário econômico do país, a Abrinstal registrou diversos avanços em 2016, com destaque para o fato de ter conseguido a vice-coordenação da ISO TC301- que é o comitê técnico que cuida das normas dos temas de gestão e economia de energia a nível mundial, incluindo a ISO 50001- e fazer parte da diretoria do Conselho Mundial de Instalações Hidráulicas (WPC – World Plumbing Council). Essas posições em importantes entidades no cenário internacional podem ajudar bastante no avanço das questões de normas técnicas no Brasil. Veja a entrevista do diretor executivo da Abrinstal, Alberto J. Fossa, sobre o balanço de 2016 e as perspectivas para 2017.

-Que balanço a Abrinstal faz das atividades desenvolvidas pela entidade ao longo de 2016? Quais foram as maiores dificuldades e as principais conquistas obtidas?

R: Apesar de toda a turbulência vivida pelo Brasil no âmbito político – com o impeachment da presidente, governantes, parlamentares e empresários sendo presos, escândalos de corrupção – e econômico – em 2015 o Produto Interno Bruto (PIB) encolheu 3, 85% e deverá fechar 2016 com retração acima dos 3% – a Abrinstal teve um ano com muitos avanços e conquistas. Estamos na contramão das notícias ruins do país, pois conseguimos concluir com bons resultados nossos projetos de Pesquisa & Desenvolvimento; avançamos na questão de Gestão de Energia, pois conquistamos a vice-coordenação da ISO TC301, que é o comitê técnico que cuida da normatização dos temas de gestão e economia de energia a nível mundial, incluindo a ISO 50001, que trata de sistemas de gestão de energia; na área de Gestão de Água e Sustentabilidade assumimos uma diretoria no Conselho Mundial de Instalações Hidráulicas (WPC – World Plumbing Council), além dos bons resultados dos Grupos de Trabalho (GT) do programa Qualinstal. Foram boas e importantes conquistas no ano. A maior dificuldade foi o encolhimento da economia, que acaba afetando os patrocínios dos trabalhos que realizamos e a Abrinstal é uma entidade sem fins lucrativos que depende do apoio financeiro dos parceiros.

-Que avaliação a Abrinstal faz das ações desenvolvidas em 2016 pelas empresas e pelas esferas governamentais em prol da conformidade e eficiência das instalações (investimentos, inovações, políticas setoriais, avanços normativos, etc.)? Quais segmentos do mercado mais evoluíram neste ano?
R: Neste particular tivemos um mundo turbulento. Enquanto o mundo reforça sua infraestrutura de qualidade, que contempla aspectos de normalização, avaliação da conformidade e medições, o Brasil continuou bastante confuso nesta área. A ABNT tem feito seu papel no comando da normalização nacional, mas infelizmente o setor privado ainda não se deu conta de que a questão de normalização é estratégica para qualquer país. Temos estruturas complexas e robustas na maioria dos paises desenvolvidos, mas os países em desenvolvimento ainda padecem de uma compreensão mais efetiva da sua importância. O problema é que o Brasil está ficando para trás, se compararmos com os nossos vizinhos Latino Americanos, e com os países do BRIC. China, África do Sul, para citarmos dois, têm desenvolvido programas de normalização robustos. Chile e Colômbia possuem também um sistema de normalização bastante adequado. Aqui no Brasil existe uma dificuldade histórica para mobilização da sociedade técnica quanto ao desenvolvimento de normas. A Abrinstal tem “vivido na própria pela” essa dificuldade, com a gestão do ABNT CB116 de gestão e economia de energia.
No campo da avaliação da conformidade, que representa um dos pilares principais da Associação, temos tido também dificuldades. O Inmetro, principal agente de fomento e responsável pela organização dos programas de avaliação da conformidade no país, têm passado por diversas situação de instabilidade. Há dificuldades crescentes no debate de prioridades e desenvolvimento de programas consistentes na área de produtos. Um dos pleitos já históricos da Abrinstal diz respeito ao alinhamento dos programas de certificação de produtos das instalações prediais. Se de um lado temos uma situação de controle quase absoluto no setor de instalações elétricas, a infraestrutura de instalação de gases combustíveis está totalmente desguarnecida. Num momento em que se rediscute a expansão do uso do gás combustível, com planos de expansão tanto na esfera federal quanto estadual, temos que avançar de forma mais consistente no controle dos produtos dessa infraestrutura. Temos trabalhado bastante na questão da etiquetagem de edificação eficiente, que também é um dos compromissos da Abrinstal. Neste particular temos avançado com a adequação dos regulamentos e um trabalho de maior conscientização da sociedade sobre a importância a respeito da eficiência energética no setor predial.

-Até que ponto a instabilidade político-econômica do País afeta as ações das empresas voltadas à busca da conformidade e eficiência das instalações?
R: A Abrinstal trabalha principalmente com o apoio de empresas que estão ligadas direta ou indiretamente com o mercado de construção, mais especificamente edificações residenciais e comerciais. Esse segmento foi um dos mais afetados pela crise econômica, claro que as restrições financeiras acabam refletindo em todos os elos da cadeia, inclusive nos projetos voltados para o tema de instalações. A situação não é diferente no cenário político, com o enxugamento da máquina pública há sim o temor de dificuldades na implantação de ações vinculadas ao Programa Nacional de Eficiência Energética – PNEf, o que seria uma barreira para os avanços que estavam previstos para essa área, que é tão crucial para o país crescer de forma mais sustentável.
De qualquer forma, a despeito da instalabilidade momentânea, a Abrinstal acredita que seja um momento de oportunidade para repensarmos nossas prioridades, identificando as formas mais adequadas de avanço na infraestrutura. Neste sentido, a Abrinstal está pronta para atuar na esfera nacional, fazendo as devidas pontes no ambiente internacional, para que possamos estabelecer uma infraestrutura robusta, de qualidade, segura, adequada e eficiente, para todos no país.

-Quais deverão ser as principais ações da Abrinstal em 2017? Quais serão os principais desafios a serem enfrentados no próximo ano?
R: Vamos continuar buscando a inovação em todas as nossas atividades, não podemos parar de inovar e trazer o que de mais moderno está sendo realizado no mercado de instalações no cenário mundial, tanto na forma de fazer, como em materiais e produtos. Planejamos continuar no caminho da disseminação de informação, por meio da realização de workshops e eventos. Vamos trabalhar para continuar a participar e ter voz ativa nas principais associações internacionais relativas às instalações e áreas de interesse. Além disso, vamos trabalhar para avançar na área de projetos de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação, buscando novas oportunidades. Também trabalharemos para avançar na área de Gestão e Economia de Energia, de Gestão e Sustentabilidade de Água e com o Qualinstal. Os desafios para colocar tudo isso em prática, são muitos, mas o principal deles é sem dúvida a retração da economia. Temos que enfrentar a crise, superar as dificuldades e nos preparar para a retomada do crescimento. Vamos em frente.

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